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Como apresentar brincadeiras simbólicas?

1 de Novembro de 2013 – vencerautismo

Dizem que as crianças no Espectro do Autismo não têm imaginação. Talvez esta corrente de pensamento esteja ligada ao facto de   algumas das nossas crianças usarem de forma repetitiva e em isolamento. Por exemplo, em vez de usarem uma colher de plástico para fingirem que comem com ela, podem sacudir a colher para a frente e para trás à frente dos olhos ou talvez alinhem colheres umas atrás das outras. Pode estar relacionado com a dificuldade que têm em relacionar-se e em criar ligação com outros e, por isso, não estão tão interessados em aprender e em imitar o que as pessoas à sua volta fazem.

Num mundo que é sobre estimulante de muitas formas, as nossas crianças têm aspetos suficientes a superar para conseguirem lidar com o mundo à sua volta. Enquanto observo a minha filha de 18 meses, noto que está sempre a fingir que faz pilhas de roupa para lavar, bem como, embala a boneca dela e faz com que os seus peluches se abracem e beijem uns aos outros. Ela observa o mundo à sua volta e tenta replicar o que viu aos outros fazerem…querendo ser exatamente como eles!

O que significa ter imaginação?

Quando reflito sobre o que significa ter imaginação, apercebo-me de que para mim é mais importante do que fazê-lo de forma socialmente bem aceite. Pode ser um escritor, um artista, um poeta ou um criativo e ser socialmente reservado ou introvertido ao mesmo tempo. Talvez seja a forma pela qual nós partilhamos ou nos expressamos que é rotulada de pouco imaginativa ou não.

O primeiro passo para ajudar as nossas crianças a dar asas e a expressar a sua imaginação é acreditar que elas têm um potencial ilimitado e que têm uma imaginação fantástica que podem ainda não nos ter mostrado.

Portanto… porque é que é tão importante incorporar a imaginação nas nossas atividades com as nossas crianças?

1) Desenvolvimento Social e Emocional:

Quando as nossas crianças começam a entrar no mundo dos jogos simbólicos, começam a experimentar coisas a partir da perspetiva de outra pessoa. Isto ajudá-las-á a ver para além delas próprias e permitir-lhes-á compreender os pontos de vista dos outros, desenvolvendo consciência e compreensão sobre os pensamentos e sentimentos dos outros. Num mundo que é imprevisível de muitas formas, as nossas crianças também ganham maior controlo e autoestima quando se permitem experimentar outra personalidade e serem quem quer que desejem. Através do jogo simbólico podemos também ensinar aos nossos filhos como jogar à vez e como partilhar responsabilidade, dando espaço a experiências mais sociais e recíprocas com os nossos filhos que estão tão habituados a se isolarem e a ficarem absortos nas suas atividades repetitivas e isoladas.

Como é que o fazemos?

Usamos os objetos do nosso Playroom do Son-Rise Program® para representarem outras coisas. Por exemplo, se está a saltar com o seu filho sobre a bola, pode fingir que a bola é uma nave espacial, um barco ou um carro. Ou, pode tornar-se noutra personagem cantando para ele na voz do Pato Donald ou na voz do parente de quem ele mais gosta. Estimule o seu filho a participar fisicamente convidando-o a alimentar um fantoche, o cão de peluche ou a dar um gole no chá das cócegas! As nossas crianças aprenderão enquanto nos observam, por isso mostre-lhes como brincar antes de lhes pedir para o
tentarem.

2)Linguagem:

A utilização da linguagem num jogo simbólico ajuda a organizar o jogo, evidencia e indica o que se passa enquanto representamos uma certa cena ou história. Isto ajuda os nossos filhos a associarem a linguagem à criação de contexto ou a estabelecer uma cena, vendo a linguagem como uma ferramenta útil nas nossas vidas. Também permite que o nosso filho pratique a sua linguagem de uma forma indireta onde tudo pode acontecer (e.g. através de uma personagem).

Como é que o fazemos?

Ponha o seu filho a representar uma determinada personagem. Primeiro mostre-lhe como diferentes personagem podem falar e o que podem dizer. Garanta que faz pausas e deixe espaço para que ele participe verbalmente e seja espontâneo na linguagem dele. Por exemplo, se você está a representar uma cena do Toy Story, tente dizer “Eu vou ser o Buzz Lightyear e tu podes ser o Woody! Vamos fingir que eles vão nadar à praia. Para o mar e até lá ao fuuuuuundo!… Estou
tão empolgada para ver se a água está quente ou fria!
”…

3) Competências cognitivas de pensamento:

Fazer negociação e acordos com os companheiros de brincadeira é uma parte importante do jogo simbólico e ajudará os nossos filhos a trabalhar em grupo com os colegas, decidindo o que fará cada personagem, que roupa vestirá, de queacessórios precisará, etc. Também ajudará os nossos filhos a fazer a sequência entre o passado e o futuro e a refletir sobre eventos à medida que cada cena é representada.

Como fazê-lo?

Fazendo perguntas ou pedidos para inspirar as nossas crianças a participar antes de entrar em perguntas e pedidos abertos. Por exemplo, ao jogar ao tratador de animais, diga: “A seguir vamos dar de comer ao macaco ou ao tigre?” seguido de “O que é que vamos dar de comer aos pinguins?”. Motive-o a ajudá-lo e a trabalharem em conjunto (e.g. “Preciso
da tua ajuda para apagar este fogo na floresta!
”)

Quando é que fazemos isto com os nossos filhos?

Começamos a fazer isto com as nossas crianças quando elas já interajam fisicamente connosco (e.g. cócegas, cavalitas, apanhada, etc.) e também já começaram a interagir com objetos e atividades partilhados (e.g. jogos com bola, fantoches, jogos de tabuleiro simples, etc.). Agora queremos começar a aprofundar os tipos de interações que têm connosco apresentando-lhes jogos simbólicos e de imaginação. Isto só pode ser feito quando as nossas crianças estão disponíveis, bem como, quando nos mostram que estão prontas e socialmente abertas (e.g. uma vez que estejam a olhar, respondam e já estejam envolvidas numa atividade qualquer connosco).

Se elas já mostram interesse em jogos de faz-de-conta, então força! Ajudem-nas a expandir os seus interesses dentro do mundo maravilhoso da imaginação e das possibilidades a explorar dentro de nós!

Outras dicas úteis:

Dêem aos vossos filhos TEMPO PARA PROCESSAREM e tomarem as suas próprias decisões no jogo antes de fazerem tudo por eles. Dêem aos vossos filhos oportunidades de ceder e seguir a vossa liderança quando for a altura certa.

USEM OS SEUS INTERESSES E MOTIVAÇÕES ACTUAIS para lhes mostrar como brincar.
Demonstrem com os seus animais de peluche e bonecos preferidos.

FESTEJEM SEMPRE QUE ELES SE MOSTREM ENVOLVIDOS ao longo da brincadeira, independentemente de estarem muito ou pouco envolvidos!

DÊEM CONTROLO! Se eles não querem fazer alguma coisa e preferirem ficar sentados a ver, então sejam entusiastas e flexíveis da mesma maneira durante a brincadeira. Pois, quanto mais adaptáveis forem, mais os inspirarão a tentar mais tarde.

Em suma, não desistam. Mesmo que eles inicialmente não pareçam compreender um conceito, isso não significa que eles nunca compreenderão. Pois, quando uma criança vos vê como modelo a seguir e gosta do que vocês fazem, quanto mais ligada e motivada se tornar, mais aprenderá!

Becky Damgaard

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