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Descoberta ligação entre certos tipos de autismo e a flora intestinal

1 de Novembro de 2013 – vencerautismo

Investigadores descobrem ligação entre certos tipos de e a flora intestinal

Há dez anos, Derrick MacFabe tentou responder a uma pergunta simples:

“Haverá alguma relação entre o autismo e os sintomas tais como indigestão e obstipação de que sofrem tanto aqueles que têm essa perturbação?” – Interrogava-se o investigador.

O que encontrou é complexo. Mas com a descoberta, que já é comparada por alguns ao momento de eureka de Frederick Banting quando na batalha contra os diabetes concebeu a ideia da insulina… A investigação de MacFabe veio dar esperança aos pais das crianças com autismo.

Encontrada relação

Ele encontrou uma “relação muito atraente” entre um tipo de bactéria intestinal, o ácido propiónico, e a sua capacidade de produzir alterações cerebrais e comportamentais como as encontradas nos indivíduos que padecem de autismo.

Para MacFabe, isso significa que um dia poderá haver um teste para diagnosticar o autismo nas crianças antes de apresentarem sintomas. Ajudando-as a evitar o desenvolvimento da perturbação que afeta um em cada 88 indivíduos ou a reduzir a sua gravidade.

“Era intrigante verificar que entre muitas destas famílias algumas destas crianças tinham estes sintomas”. Disse na segunda-feira MacFabe, diretor do Grupo de Investigação sobre o Autismo, Kilee Patchell-Evans, da Western University.

“Mas as pessoas questionavam-se sobre como é que estas alterações intestinais e do sistema imunitário estão relacionadas com o próprio autismo. Seriam coincidências ou haveria algo central?”

Nova descoberta

MacFabe fez a descoberta – e publicou no diário Translational Psychiatry – com os médicos Richard Frye e Stepan Melynk do Instituto de Investigação do Hospital Pediátrico do Arkansas.

A equipa descobriu que um alto nível de ácido propiónico altera a função imunitária. Bem como, prejudica a forma como o corpo decompõe a gordura e absorve a energia.

Quando se deu este ácido a ratos, eles replicaram comportamentos autistas. Tornaram-se hiperativos, antissociais e mais interessados em objetos do que noutros ratos.

A inflamação cerebral e as alterações na gordura em observação nos ratos são semelhantes às encontradas nas pessoas com autismo.

Mas talvez ainda mais interessante para MacFabe seja que os comportamentos pareceram ser reversíveis. Sugerindo a possibilidade de o autismo ser tratado.

“O que é interessante é que o comportamento vai e vem à medida que (o rato) faz a decomposição”, diz o investigador.

Estudo realizado

MacFabe, Frye e Melynk analisaram cerca de 215 crianças com autismo numa grade clínica americana e descobriram que 17% delas tinham alterações bioquímicas – um padrão único de um composto conhecido como acyl-carnitine. Virtualmente idêntico ao dos ratos que apresentaram comportamentos semelhantes aos do autismo e alterações cerebrais.

Dado que se julga que fatores genéticos têm um papel no autismo, a equipa procurou alterações genéticas que explicassem as mudanças verificadas nos 17% das crianças mas apenas encontraram alterações genéticas em um ou dois casos.

A investigação sugere que algumas formas de autismo possam ser adquiridas, e não serem apenas genéticas, possivelmente explicando porque é que uma perturbação que antes afetava apenas um em cada 10.000, hoje afete tantos mais.

Fatores potenciais de risco

A investigação da equipa também menciona fatores potenciais de risco de contribuição para a perturbação – alguns pacientes com autismo têm baixos níveis de um composto chamado caritine, que é importante para a metabolização dos ácidos gordos.

A descoberta é válida para pais como David Patchell-Evans, diretor geral da Goodlife Fitness sediada em Londres. E um dos principais mecenas da investigação de MacFabe, que contribuiu com mais de 4 milhões de dólares.

Diz ele que muitos pais de crianças autistas há muito que suspeitam que haja uma relação entre os problemas digestivos dos seus filhos e o autismo. Mas agora há ciência para fundamentar o palpite deles.

“Com a minha própria filha eu tinha visto que o que ela comia afetava quem e como ela era”, disse Patchell-Evans, cuja filha Kilee de 16 anos é severamente autista.
“É preciso uma forma de provar que a árvore é verde. Foi isso que ele fez.”

A investigação faz a ponte entre uma série de sintomas que parecem não ter nada a ver uns com os outros. Mas que acompanham problemas gastrointestinais, com as causas destes que estarão relacionadas com alterações na flora intestinal, no sistema imunitário e metabólicas. “Aparentemente está a surgir-nos uma imagem que liga todas as teorias díspares sobre o autismo de uma forma que podemos testar racionalmente”, diz MacFabe. “O facto de podermos diagnosticar e indicar
potenciais terapias… esse é o futuro – estamos orientados nesse sentido”

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