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Abrace as estereotipias

10 de Abril de 2015 – vencerautismo

Apesar de no programa “Son-Rise” nos ser dito que devemos juntar-nos aos “ismos” das nossas crianças e de nos lembrarem, vezes sem conta, que esses “ismos” são a porta de entrada para o mundo em que as nossas crianças vivem. Eu já muitas vezes pensei ou disse: “Como é que posso acabar com o ‘ismo’?”. Meses antes de me juntar ao Programa Intensivo “Son-Rise”, pensei que no mesmo me iriam mostrar como conseguir que o meu filho parasse de roer tudo o que encontrava pela frente. Porém, hoje lembro-me claramente da cara serena do William Hogan quando me disse: “Ama esse roer!”.

Ali estava eu, longe da minha casa, a ouvir que afinal devia era amar o mesmíssimo comportamento que diariamente tinha detestado!

Refletindo então sobre essas palavras, lembrei-me de como, em criança, também eu tinha necessitado de um “ismo”. De como o mesmo me acalmava. De como o mesmo quase me parecia uma função corporal, de tal forma ele era lógico para mim.

Nessa altura, estava mais concentrada em iniciar o programa “Son-Rise” a tempo inteiro e mais interessada no aspeto biomédico do Autismo a fim de poder encontrar a melhor dieta possível para as necessidades do meu filho. Pelo que resolvi seguir o conselho do William e passar a amar o roer.

Só alguns anos mais tarde, quando já estava familiarizada com o programa “Son-Rise” e com esse aspeto biomédico… É que me interessei e resolvi pesquisar o aspeto neurológico do autismo. Tendo encontrado vários estudos que, apesar de a maioria das pessoas não se aperceberem de tal, apoiam os “ismos”.

Nesses estudos existem muitas referências à “agitação” (por exemplo, quando brincamos com canetas, mordendo-as ou pressionando o botão das mesmas incessantemente enquanto estamos ao telefone), a qual é um “ismo” socialmente aceite.

A “agitação” é ótima como estimulante da atividade cerebral. Para nos manter focados e alerta. Para “arrumar” os nossos pensamentos – tudo coisas que desejamos para as nossas crianças.

A atividade física e a força da gravidade nos nossos nervos pode estimular a atividade cerebral, especialmente em crianças em desenvolvimento – mais do que sentá-las a ler um livro. A típica abordagem das escolas tem ultimamente sido cada vez mais questionada (se calhar, mesmo a tempo e horas). Dado que a quantidade de horas que, hoje em dia, passam em frente à televisão ou a jogar jogos de vídeo está a criar uma geração de crianças muito pouco saudáveis.

A boca e as mãos têm milhares de terminações nervosas que enviam informações para o cérebro, ajudando-o a fazer conexões.

Ficamos tão felizes quando vemos os nossos bebés a levarem à boca todos os objetos que encontram… Explorando-os da mesma forma que às nossas crianças autistas, que até compramos (e exibimo-los com orgulho!) brinquedos coloridos especificamente criados para serem mordidos e roídos. No entanto, quando crianças ou adultos autistas demonstram a mesma necessidade de estimulação cerebral… A nossa reação imediata é fazê-los parar… Terminar com os comportamentos que o seu corpo lhes diz que irão equilibrar as suas incapacidades sensoriais.

Parafraseando os sinais nas passagens de nível (“Pare, Escute e Olhe”), eu diria, quantos aos “ismos”, “Parem, Observem, Amem e Juntem-se”!

Simone, Autism Treatment Center of America

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