No fim-de-semana, fui a casa de uma família maravilhosa para trabalhar com eles e com os seus rapazes gémeos utilizando o programa “Son-Rise”. Enquanto eu lá estava, surgiram perguntas respeitantes a actividades/ jogos repetitivos. Porque um dos gémeos gostava de pegar na mão dos seus familiares e fazê-los desenhar vezes e vezes sem conta em cartolinas coloridas. Dado que muitas das nossas crianças têm actividades repetitivas similares, gostaria de partilhar a minha resposta a essas perguntas convosco:
Estas actividades/jogos podem ser um estímulo para a criança em causa
Dependendo do quão “rígida/fechada” ou “receptiva” ela está. Se a criança faz pouco ou nenhum contacto visual connosco; se apresenta um expressão facial distante. Se não responde quando se tenta variar a atividade e se nos tenta manipular fisicamente com muita intensidade, então ela está a excluir-nos da actividade/jogo. Apesar de nos envolver na prática da actividade/jogo, ela não nos está a incluir na mesma e utiliza-nos apenas como uma “ferramenta” para obter a repetição que deseja. Nestes casos, o nosso papel é juntarmo-nos à criança, felizes por sermos essa ferramenta e por fazermos a actividade/jogo da forma que ela quer. Demonstrando-lhe, assim, que ela pode confiar em nós, atraindo-a para nós e criando uma relação com ela;
As nossas crianças desejam que as suas vidas sejam previsíveis e é por essa razão que têm comportamentos repetitivos e de exclusão
O nosso mundo é, para elas, muitas vezes imprevisível e com demasiados estímulos, pelo que elas encontrem conforto em atividades/jogos previsíveis. O simples facto de elas nos incluírem nessas atividades/jogos é ótimo! Elas podiam estar simplesmente sozinhas no seu canto, por isso sintam-se agradecidos por poderem ajudá-las desta forma;
Esperem até a criança se mostrar recetiva
Quanto mais nos juntarmos à criança e mais facilmente fizermos a atividade/jogo em causa com ela, mais recetiva ela será às nossas ideias/estímulos. Quando a criança estiver mais recetiva (isto é, quando ela diminuir a intensidade que demonstra, quando der espaço para podermos acrescentar algo, quando olhar mais para nós; quando a sua expressão facial demonstrar mais conexão/interesse ou quando ela falar connosco), devemos então inspirar crescimento.
Como é que podemos inspirar esse crescimento?
Simplesmente juntando algo novo à atividade! A melhor maneira de ajudarmos as nossas crianças a serem mais flexíveis e mais recetivas às ideias dos outros é variar a atividade/jogo: tentem desenhar algo completamente diferente ou tentem criar uma canção sobre o que estão constantemente a desenhar. Tentem também obter contacto visual: se notam que a criança está mais recetiva mas que não está a olhar para nós, peçam-lhe, a brincar, que ela olhe para vocês, a fim de poderem fazer mais desenhos para ela. Tentem também que ela vos responda de viva voz: peçam-lhe que ela escolha o que vão desenhar a seguir (por exemplo, perguntem-lhe “vamos desenhar um dinossauro para o Papá?”).
Nunca se esqueçam de celebrar o que fizeram juntos!
Isso ajudará a criança a sentir que obteve o que queria e que teve sucesso. Demonstrem a vossa gratidão por ela vos ter escolhido para brincar convosco. Mas se ela vos disser “Não” quando tentarem inspirar crescimento na actividade/jogo, aceitem esse “não” – lembrem-se que podem sempre obter um “sim” um dia mais tarde.
Autism Treatment Center of America