Testemunho de um Terapeuta Son-Rise:
Recentemente recebemos uma família que visitou o nosso The Son-Rise Program com o seu filho maravilhoso de nove anos que tem Síndrome Elevado de Asperger.
Duas das suas atividades mais repetitivas foram jogar basquete e conversar sobre o Dr. Who – um programa televisivo inglês, e todos os vilões que ele teve de derrotar, tais como os Daleks, Cybermen, etc…
Passamos um bom momento com ele, divertido e interessante, e bastante pacífico enquanto ele tentava marcar cestos.
Também mostrou um comportamento dinâmico e empolgante quando não recebia aquilo que queria
Para vocês pais com filhos mais velhos ou adultos com Asperger/Alto Funcionamento tenho a certeza que se podem enquadrar bem nesta situação.
O rapaz em questão atirava objetos, dava pontapés, beliscava e usava um vocabulário muito “variado”.
Não é de todo abnormal, já ouvi crianças a usarem registos como “és estúpido”, “és burro”, “vou pintar em cima de mim mesmo seu idiota”, “és tão feio”, etc.
Este rapaz em particular encontrava-se numa situação em que não estava a receber aquilo que queria e disse à sua mãe que “a odiava” num tom mais agravado, e que já não a ia chamar mais de mãe, mas sim de “cabeça estúpida”.
No início da semana a mãe estava muito desconfortável e tinha reações muito grandes a este tipo de situações (brilhava que nem uma árvore de Natal)
A senhora e o seu marido achavam que a melhor maneira de acalmar o seu filho seria ficarem chateados e irritados com ele e falar com ele num tom de voz mais severo, que acabava por apenas piorar o comportamento do filho.
Nestas situações, o contacto visual entre o filho e os pais era muito bom – dava à criança uma oportunidade de perceber de que maneira é que os pais reagiam ao comportamento dele, e se os convencia a mudarem a sua opinião acerca daquilo que ele queria.
Quando começámos a trabalhar com os pais, começaram a sentir-se mais à vontade e mais relaxados quando o filho se portava de forma pior.
Começaram a perceber que o seu filho estava a dar o seu melhor em tentar lidar com os limites que lhe foram impostos
Mesmo tendo imensa potencialidade o mundo às vezes revelava-se demasiado para ele (ele sobrevivia, mas não se encontrava propriamente a prosperar. Não possuía grandes amizades, pois não era capaz de manter amizades longas, e de ser sociável).
Os pais notaram que o seu filho usava o seu comportamento mais agressivo pois era o que tinha sempre funcionado no passado.
Não só aprenderam como pensar e como se sentirem sobre o comportamento do seu filho, mas também como lidar com as reações mais agressivas, e à medida que a semana ia progredindo o rapaz cada vez menos reagia mal a determinadas situações.
No que toca à linguagem “colorida” – palavras são apenas palavras, nós é que lhes atribuímos algum sentido.
Se o seu filho tende a utilizar linguagem de tom mais agravado, será provavelmente devido ao facto de funcionar melhor para o objetivo que ele pretende atingir.
As pessoas tendem a ceder à vontade das crianças e a mudar de ideias sobre o limite acabado de ser estabelecido.
Também há casos em que as crianças gostam de ver os seus pais chateados- uma outra maneira possível de estabelecer alguma forma de controlo.
A chave para ajudar o seu filho a conseguir suportar bem as limitações começa com a sua atitude…
Permanecendo confortável e relaxado, lembrando-se que reagindo de forma mais chateada apenas fará com que o comportamento indesejado aumente.
Tente dizer “não faz mal que te sintas assim, de momento”.
Se notar que apenas agrava as reações ao tentar explicar as razões pelas quais estabeleceu limites, pare de dar justificações.
Até pode tentar permanecer em silêncio durante um certo período de tempo… Parar de lhes dar muito contacto visual (não olhe para eles), e ir para outro canto do quarto e leia um livro.
Não lhe peça ou obrigue a parar com o seu comportamento – mais uma vez irá decerto motivar uma reação mais contínua.
Se se encontra numa situação semelhante… E quer ajudar com os desafios específicos que o seu filho possa apresentar, por favor entre em contacto connosco, teríamos muito gosto em ajudar-lhe.
Lembre-se que, tal como os pais que conseguiram superar e lidar com este tipo de desafio, também irá conseguir.
Amor e Sorrisos,
William
Artigo original aqui
Traduzido por: Isabel Relvas