Podem existir razões médicas, sensoriais, comportamentais ou relacionadas com a comunicação que provoquem estas reações a uma pessoa no espectro do autismo.
Dor física, desconforto ou problema médico
A pessoa pode sentir-se mal, cansada, com fome, com sede ou desconfortável. Morder pode ser devido à dor na boca, dentes ou maxilar. Cuspir pode estar relacionado com dificuldade em engolir ou produzir demasiada saliva. Agressão pode ser devido a alterações hormonais adolescentes.
Procura de entrada sensorial
Mastigar e morder fornecem informações sensoriais para o sistema propriocetivo, que regula as diferentes partes do corpo em atividades em momentos diferentes. A pessoa pode gostar da maneira como a saliva se sente.
Comunicação
A pessoa pode utilizar este comportamento para comunicar que alguma coisa está a provocar angústia e quer que pare. Podem não ter outra maneira funcional de comunicar as necessidades, vontades e sentimentos.
Frustração e angústia
A vida pode ser excecionalmente esmagadora certas vezes para pessoas com autismo, e o comportamento pode ser uma expressão de completa frustração ou angústia em resposta a uma série de diferentes causas de stress. Isto inclui exigências difíceis, conhecer novas pessoas, experimentar estímulos sensoriais desagradáveis, uma mudança na rotina, mudança de atividades ou ter de esperar por alguma coisa – algumas pessoas têm dificuldade com o conceito de tempo e sequência.
Comportamento aprendido
A pessoa pode ter aprendido que o comportamento pode ser uma maneira muito poderosa de controlar o ambiente. Um comportamento que inicialmente era uma resposta a dor física ou frustração pode eventualmente tornar-se uma maneira de evitar uma exigência ou acabar uma situação indesejada (por exemplo, desligar a televisão, interromper uma discussão a ocorrer nas proximidades). A pessoa pode ter aprendido que aprecia a reação ou interação que recebe como resultado do comportamento.
Pensar sobre a função do comportamento
Completar um diário de comportamento, que regista o que ocorre antes, durante e após o comportamento, ou um questionário de análise funcional. Tomar notas sobre o ambiente, incluindo o que lá estava, qualquer alteração no ambiente, e como a pessoa se estava a sentir.
Excluir causas médicas e dentárias
Visitar o médico ou dentista e se necessário procurar um especialista. Trazer notas sobre quando o comportamento ocorre (ou seja, a que hora do dia e em que situações), a frequência com que ocorre, quando começou, e quanto tempo dura.
Proporcionar oportunidades sensoriais
Encontrar atividades alternativas, ou fornecer uma sacola com objetos alternativos, que proporcione uma experiência sensorial àquela proporcionada pelo comportamento desafiador, e construa-as na rotina diária. Para uma pessoa que morde, pode fornecer cenouras, massa crua ou uvas passas. A uma pessoa que belisque, pode fornecer plasticina. A uma pessoa que bate, pode fazer uma música ou ritmo. Para uma pessoa que puxa o cabelo, amarre o cabelo comprido para trás e encontre algo para replicar a sensação de puxar, por exemplo, o cabo de guerra, subir uma corda.
Introduzir ferramentas de comunicação
Apoiar a pessoa a utilizar outras maneiras de comunicar os seus quereres, necessidades e dor física ou desconforto, por exemplo através do uso de uma escava visual de stress, fotografias de partes do corpo, símbolos para sintomas, ou escalas de dor, gráficos de dor ou aplicações de dor.
Use histórias sociais para explicar porque é que não é apropriado morder/cuspir/bater, e descrever alternativas.
Algumas pessoas utilizam quadros de comunicação para indicar como se sentem. Isto pode ser um quadro preto, ou um quadro de velcro com palavras emocionais importantes ou rostos importantes. Sempre que a pessoa se envolver em comportamentos desafiadores, incentive-os a usar essa forma de comunicação.
Algumas pessoas podem achar mais fácil comunicar por texto ou email.
Remover desconforto físico e sensorial
Proporcionar alívio para desconforto físico, por exemplo remover entradas sensoriais desagradáveis, utilizando protetores de ouvido para bloquear ruído, utilizar óculos de sol para reduzir a luz, e reduzir cheiros intensos, substituindo-os por odores que a pessoa prefere.
Preparar para mudança
Preparar a pessoa para qualquer mudança na rotina ou para conhecer novas pessoas. Pode usar suportes visuais, mostrar fotografias de novas pessoas e lugares, introduzindo-os em pequenas quantidades com explicações verbais. Uma criança ou adolescente com autismo pode encontrar mudanças fisiológicas associadas com a puberdade difíceis de lidar, e devem ser preparadas para isso.
Tempo de transição estruturado
A atividade anterior pode ter sido bastante apreciada pela pessoa, ou pode ser que, uma vez focados numa atividade, achem difícil ter de se adaptar a outra coisa. Pode:
- Usar um cronograma visual mostrando as atividades do dia, ou uma placa agora-e-depois;
- Usar um cronômetro que indica quando a atividade termina para dar antecipação e previsibilidade
- Utilizar suportes visuais que mostrem os passos que levam a cada atividade
- Diminuir o tempo entre atividades o mais possível
- Deve ser considerada a possibilidade de disponibilizar atividades agradáveis durante os períodos de transição – uma caixa de transição, contendo uma série de diferentes atividades, pode manter a pessoa focada durante estes períodos, fazendo um cronograma não estruturado num estruturado.
Pessoas com Evitação Patológica à exigência (EPD) podem precisar de uma aproximação menos diretiva e mais flexível do que outros no espectro do autismo. Considere reduzir as exigências impostas a uma pessoa em momentos difíceis do dia.
Quando uma pessoa em particular é o alvo
Se um determinado membro de uma família ou funcionário de apoio parecer ser o alvo de um comportamento desafiador, pense sobre o que pode provocar este comportamento. Pode ser o odor de um perfume demasiado intenso, ou a pessoa estar associada a uma atividade angustiante.
Talvez a pessoa esteja chateada quando o funcionário de apoio ou membro de família passa tempo demais com outras pessoas. Se for o caso, pode tentar programar algum tempo especificamente para eles passarem juntos e mostrar este tempo numa tabela visual. Precisam de ser mantidos limites muito rigorosos em relação a quando a atividade vai acontecer e por quanto tempo. Pode ser útil ter uma ampulheta para que a pessoa saiba que o tempo acaba quando a areia acabar.
Pode existir simplesmente um confronto de personalidade entre a pessoa e um membro da equipa. Se for esse o caso, deve considerar se a pessoa pode trabalhar com outras pessoas.
Fornecer apoio para gerir emoções e relaxamento
Olhe para o controle de emoções e crie oportunidades para relaxamento. Pode fazer isto através de, por exemplo, olhar para lâmpadas de bolha, cheirar óleos essenciais, ouvir música, massagens, ou baloiçar num baloiço.
Comportamento desafiador pode ser frequentemente difundido por uma atividade que liberte energia ou ansiedade reprimida. Pode ser através de socar um saco para esse propósito, saltar num trampolim ou correr por um jardim.
Se a pessoa tem baixa autoestima, destaque todas as suas conquistas e pontos fortes num livro de conquistas com fotografias e certificados.
Responder de forma consistente
Limite comentários verbais, expressões faciais e outras demonstrações de emoção, pois elas podem inadvertidamente reforçar o comportamento. Tente falar de forma calma e clara, num tom de voz natural e constante.
Redirecionar
Dê outras alternativas à pessoa do que ela poderá fazer. Por exemplo: “David percebo que queiras libertar energia e podes fazê-lo aqui nesta bola de pilates, podes bater nela à vontade”. É importante que coloque a bola à sua frente de forma a se proteger.
Celebre os comportamentos que quer reforçar
Fornecer encorajamento constante à pessoa por demonstrar comportamento apropriado e por períodos em que não se envolveram em comportamento físico desafiador. Isto irá ajudar a pessoa a aprender que outros comportamentos mais apropriados trazem resultados positivos.
As celebrações podem assumir a forma de elogios e atenção verbal e atividades preferidas.. Certifique-se de nomear claramente o comportamento que está celebrar, por exemplo: “Joana, foi bom esperares!” e garantir que fornece as celebrações imediatamente após o comportamento que quer encorajar.
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Traduzido por: Bruno Mendes