Crianças com perturbação do espetro do autismo podem se comportar de maneira agressiva consigo mesmas ou com outras pessoas. Existem muitas estratégias que pode usar para prevenir e lidar com o comportamento agressivo ou auto agressivo do seu filho.
Comportamento agressivo, autoagressão e perturbação do espetro do autismo
Crianças com autismo não necessariamente expressam raiva, medo, ansiedade ou frustração da mesma maneira que outras crianças.
Elas podem, algumas vezes, expressar estes sentimentos por meio de um comportamento agressivo com outras crianças. De vez em quando elas são agressivas consigo mesmas, o que é chamado de comportamento auto agressivo. Podem chutar, jogar objetos ou se machucar – por exemplo, ao balançar a cabeça com muita força.
Podem se comportar de forma mais agressiva ou se auto agredirem porque elas:
- Têm problema em compreender o que está a acontecer ao redor dela – por exemplo, o que as outras pessoas estão a falar ou mesmo comunicar de forma não-verbal
- Não conseguem expressar os seus próprios desejos ou necessidades – por exemplo, elas não conseguem dizer o que não querem fazer durante uma atividade ou expressar o seu desejo por algum objeto em particular
- Estão muito ansiosos e tensos
- Apresentam sensibilidade sensorial, como uma extra sensibilidade ao barulho ou a necessidade de estímulos
- Querem escapar de situações ou atividades estressantes
Compreendendo o comportamento agressivo do seu filho
Entender as causas do comportamento auto agressivo e agressivo do seu filho pode ajudar a mudar ou reduzir estes comportamentos.
É possível fazer isto se olhar para o comportamento desafiante como um sanduíche ACC:
- Antecedentes: estes são os “gatilhos” para o comportamento agressivo ou auto agressivo
- Comportamento: é a maneira que a criança responde ao gatilho
- Consequências ou “recompensas”: isto é o que o seu filho recebe ao se comportar de forma desafiante, como, por exemplo, receber autorização para realizar a sua atividade preferida ou fugir de uma situação estressante.
Uma forma de melhorar o comportamento agressivo do seu filho é trocando os gatilhos ou as recompensas que ele recebe por se comportar dessa forma. Como fazer isto?
Entender o quão bem a sua criança é capaz de comunicar-se
Este ponto é também um passo-chave para descobrir o que está a causar a conduta desafiadora. Quando crianças não conseguem expressar os seus sentimentos, ou pedir por algo que desejam, elas podem usar o comportamento agressivo para se comunicar.
Pode ser útil se perguntar: “Ela está tentando me dizer alguma coisa?”. Por exemplo, se sua criança não gosta de cereais, mas não consegue dizer isto, ela pode lhe bater como uma forma de dizer “Tira isto daqui, eu não quero!”.
Lidando com um comportamento desafiante do seu filho
Provavelmente não conseguirá prevenir todos os comportamentos desafiantes da sua criança. Mas, pode tentar controlar o comportamento agressivo quando ele acontece. Temos aqui algumas dicas.
A primeira e mais importante dica é permanecer calmo. A maioria dos comportamentos desafiantes acontecem porque a sua criança apresenta sentimentos que não é capaz de expressar. Ao controlar as suas próprias emoções e manter-se calma, não adicionará seus sentimentos à mistura.
Durante um comportamento desafiante, o seu filho estará a sentir-se muito estressado. É difícil processar o que outra pessoa está a dizer quando está num momento de tensão, e isso é especialmente verdadeiro para crianças com autismo, que podem apresentar dificuldades em entender a linguagem.
Limitar a sua fala a frases curtas ou até mesmo poucas palavras pode ser de grande ajuda – por exemplo, “Senta-te” ao invés de “José, vem até aqui e senta-te”.
Poderá também ser necessário mover a sua criança para um lugar mais seguro, longe de qualquer coisa que possa machucá-la – por exemplo, prateleiras que apresentem o risco de despencar ou objetos de vidro. Um espaço contido e calmo pode ser uma opção. Poderá também precisar pedir para outras pessoas se retirarem do caminho para maior segurança.
Lidando com o comportamento auto agressivo do seu filho
Compreender o que o seu filho está a tentar lhe dizer através do seu comportamento auto agressivo pode-lhe ajudar a decidir como lidar com a situação.
Por exemplo, a sua criança pode achar difícil trocar uma atividade por outra. Existe a chance do seu filho bater a sua cabeça no chão quando lhe diz que é hora de guardar o seu brinquedo e ir jantar. Como alternativa, pode tentar alertá-la cinco minutos antes do necessário por meio de fotos com pessoas a lavar a mão e a sentar na mesa para o jantar. Isto lhe dará um aviso, além de tempo para terminar o que ele está a fazer.
Se a sua criança está a montar um quebra-cabeças por 10 minutos e começa a puxar o seu próprio cabelo, ela pode estar a tentar avisar que quer fazer algo diferente. Oferecer a ela uma nova atividade pode acabar com os puxões de cabelo.
O seu filho é capaz de se auto-agredir porque quer que olhe para ele e converse com ele. Ir até a sua criança e lhe dar atenção vai fazê-lo parar de se machucar. O próximo passo é ensiná-lo uma maneira diferente de chamar sua atenção – por exemplo, ao dizer “mãe” ou ir até si.
O seu filho pode estar a sentir-se frustrado e precisar de ajuda. Por exemplo, a sua criança estava a brincar com uma boneca quando as pernas dela caem, então ela começa a gritar e a arranhar-se. Se ajudar a consertar a boneca, isto vai fazer com que ela pare de se machucar. O próximo passo é ensinar a sua criança a demonstrar a sua frustração de outra forma – por exemplo, ao dizer algo, sinalizar por gestos quando precisa de ajuda.
Uma nota sobre respostas ao comportamento auto-agressivo
Dar ao seu filho o que ele quer pode intensificar este comportamento e aumentar a probabilidade de que ele aja de maneira similar no futuro.
Uma melhor estratégia a longo termo é:
- Prevenir o comportamento ao evitar situações “gatilho”
- Ensinar a sua criança a expressar os seus sentimentos de uma maneira mais positiva
- Ignorar comportamentos auto agressivos e celebrar o seu filho quando ele se expressar de uma maneira mais positiva
Artigo original aqui
Traduzido por: Bianca Basso