Se desconfias que a tua criança possa estar no espectro do autismo, a primeira coisa que precisas de saber é que não precisas ter medo. Isto porque, existem coisas que podes fazer e mudar para ajudar a tua criança.
Se já ouviste falar que um diagnóstico de autismo é uma prisão de vida perpétua, respira fundo e não acredites. Aliás, a tua criança é capaz de crescer, desenvolver e conseguir mudanças extraordinárias. Ter um diagnóstico de autismo não é um destino, é o apenas um ponto de partida.
Quais são os primeiros sinais de autismo?
De acordo com o CDC – Centros de Controle e Prevenção de Doenças, o autismo afeta atualmente aproximadamente 1 em 59 crianças nos Estados Unidos. A condição é mais comum em crianças do sexo masculino, que são afetadas 4 a 5 vezes mais do que as crianças do sexo feminino.
Sendo um espectro muito grande, o autismo varia muito de criança para criança. No entanto, existem alguns sinais comuns que os pais podem procurar em várias fases de desenvolvimento. Sendo eles de forma resumida os seguintes:
6 meses
Sem grandes expressões faciais, incluindo sorrisos; pouco contato visual com os pais, cuidadores e outros familiares.
9 meses
Não há reciprocidade de expressões faciais ou sons feitos por outros.
12 meses
Não acena, alcança, mostra, aponta ou balbucia.
16 meses
Sem palavras faladas.
24 meses
Nenhuma frase de duas palavras que não seja repetida ou imitada.
Outros sinais de autismo em bebés e crianças pequenas incluem, por exemplo, a incapacidade de acompanhar visualmente objetos em movimento, falta de desejo por contato físico ou afeto e falha em responder a seu próprio nome. E, é claro, temos o aspecto mais conhecido do autismo: comportamentos repetitivos. Seja agitar as mãos, repetir as mesmas partes de um filme/vídeo várias vezes, balançar o corpo, andar em círculos, fazer sons repetidos, etc. Em alguns casos, isso pode parecer-lhe um interesse muito limitado.
Algumas crianças com autismo apresentam sinais da perturbação desde muito cedo. Outras desenvolvem-se normalmente no primeiro, dois ou até mesmo três anos de vida e começam a mostrar-se cada vez mais os sintomas. Assim, é importante ires acompanhando se o teu filho começa a perder habilidade ou a parar de ganhar novas habilidades em qualquer idade.
Principais sintomas de autismo, segundo a quinta edição do DSM-5:
A) “Défices persistentes na comunicação social e interação social transversais a múltiplos contextos”, tais como:
- dificuldade de interação social sob várias formas – dificuldade em iniciar ou manter uma conversa, dificuldade na partilha de emoções e/ou afetos, dificuldade em responder a uma interação, motivações específicas.
- dificuldade no uso da comunicação não-verbal – como fraco contacto visual, visão periférica, dificuldade na interpretação e compreensão de gestos, pouca variedade nas expressões faciais e dificuldade de interpretação das mesmas nos pares.
- dificuldade em manter interações sociais simples, dificuldade em adaptar o comportamento ao contexto, dificuldade na interação com os pares e na partilha de jogos imaginativos.
B) “Padrões de comportamento repetitivos e exclusivos, motivações e interesses específicos, manifestados por pelos menos 2 dos seguintes exemplos”:
- repetição de movimentos motores (exemplo: abanar os braços ou balançar o corpo, etc), repetição das mesmas atividades (exemplo: alinhar objetos, rodar objetos, etc), falas/perguntas/conversas repetitivas (exemplo: ecolália, falas “aparentemente” sem sentido pouco enquadradas no contexto, etc).
- pouca flexibilidade e resistência à mudança (exemplo: agitação com pequenas mudanças, necessidade de seguir os mesmos caminhos/padrões durante o dia, pensamentos rígidos, resistência à introdução de novos elementos na rotina do dia-a-dia, etc).
- motivações e interesses fortes e específicos (exemplo: foco em certos e determinados objetos ou atividades sem grandes variações).
- hiper ou hiposensibilidade a estímulos sensoriais exteriores (exemplo: sensíveis a sons pouco perceptíveis para uma pessoa neurotípica, aversão a certos cheiros ou tipos de textura de comidas, indiferença aparente à dor/temperatura ou muito sensível ao toque, etc).
C) “Os sintomas têm de estar presentes no início do período de desenvolvimento, mas podem não se tornar totalmente manifestos até as exigências sociais excederem as suas capacidades atuais ou podem ser mascarados mais tarde na vida por estratégias aprendidas”.
D) “Os sintomas causam influência significativa no funcionamento social, ocupacional ou em outras importantes do desenvolvimento”.
E se meu filho apresentar sintomas de autismo? Existe esperança?
Certamente, vais sempre pretender consultar um médico se não tiveres a certeza ou se quiseres um diagnóstico médico ou uma opinião.
Mas lembra-te: mesmo que o teu filho seja diagnosticado (ou se decidires não obter um diagnóstico, mas sim iniciar a intervenção, de qualquer forma), não importa o que alguém diga. Na verdade, o futuro do teu filho ainda não está escrito. Podes sentir-te assustado/a, chateado/a ou até com raiva, e está tudo bem se te sentires assim! Contudo, existe ajuda no teu redor que pode fornecer-te as ferramentas para permitir que o teu filho se desenvolva, cresça, se conecte, se comunique profundamente contigo e com os outros, aprecie as pessoas e interaja com sucesso com o mundo, e, finalmente, quebrar as barreiras que os outros podem ter dito que são insuperáveis. Por isso, não permitas que outra pessoa determine o futuro do teu filho.
Muito amor e força na tua caminhada. Estamos deste lado.
Com amor,
Vencer Autismo
Fontes:
DSM – 5, Minha Vida e Autism Treatment Center