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Transição de ambientes ou atividades

3 de Fevereiro de 2020 – vencerautismo

Se a pessoa que acompanhas tem tendência a reagir com comportamentos indesejado na transição de ambientes ou de atividades, este artigo é para ti! A boa notícia é que sempre que estes comportamentos (como o morder, chorar, gritar, beliscar, atirar objetos…) acontecem, são sempre uma excelente oportunidade de crescimento e aprendizagem!

Uma coisa que é importante termos consciente, é que sempre que estes comportamentos acontecem, são sempre uma forma de comunicação. Acontecem por uma razão e sim… Existe sempre uma razão. O nosso desafio é tentar perceber qual a razão e porque a pessoa continua a adotar estas estratégias de comunicação… Muito provavelmente porque resultam.

Que estratégias podemos então aplicar para ajudar a pessoa a reagir de forma mais tranquila e calma na transição de ambientes ou mudanças de atividades?

Ponto número um

Dar maior previsibilidade. As pessoas com autismo precisam de sentir controlo e saber o que vai acontecer. A imprevisibilidade é algo têm dificuldade em gerir e lidar. Vamos então dar sinais atempados à pessoa do que vai acontecer.

Imagina este exemplo:

Todas as manhãs é muito complicado para saírem de casa. Minutos antes de sair e quando a informas que vão sair, a pessoa atira-se para o chão, chora, grita e torna a saída de casa um verdadeiro pesadelo, para ti e para ela.

Começa a dar-lhe uma maior previsibilidade dos acontecimentos. Podes dar vários estímulos auditivos como também visuais – tenta perceber a que estímulos reage melhor.

Começa por explicar detalhadamente com tempo. Cria uma rotina para a pessoa ter um maior controlo e ter tempo de assimilar o que vai acontecer. Para apoiar a tua explicação podes recorrer como mencionado a estímulos tantos visuais como sonoros.

Estímulos sonoros

Podes colocar uma música diferente sempre que faltarem tempos diferentes. Escolhe músicas que a pessoa gosta e coloca uma diferente quando faltarem 30, 20, 15, 10, 5 minutos acompanhando com uma explicação.

Exemplo: “Olha está a dar “atirei ao pau ao gato”, quer dizer que faltam 30 minutos para sairmos de casa. Que fixe!”.

A música de alarme para saírem de casa até pode ser a música favorita dela e podem por exemplo sair de casa a dançar para celebrar. Falamos em música mas os estímulos sonoros podem ser também sons que a pessoa goste em particular. Como ser a gravação da voz de alguém que goste muito a explicar o que vai acontecer, ou pode ser a tua voz a imitar a voz de uma personagem que ela gosta muito…

Estímulos visuais

Se a pessoa que acompanhas gosta muito de coisas visuais podes recorrer por exemplo a um relógio grande feito especialmente para o efeito que nos vai dizendo os minutos que faltam para sair de casa.

O Relógio pode ser o Mickey se ela gostar dele ou outra personagem qualquer do seu interesse. Podes ainda puxar mais pela criatividade e fazer por exemplo um semáforo:

  • a cor vermelha aparece quando a pessoa acorda e quer dizer que ainda falta muito tempo para sair de casa (1h)
  • o laranja quando já chegamos a metade do tempo que falta (30 minutos)
  •  o verde, o verde yahouuu é quando podemos finalmente sair de casa.

Se a pessoa gostar de novas tecnologias podes fazer a bateria de um telemóvel que vai perdendo a carga à medida que o tempo de sair de casa se vai aproximando e quando ficar sem carga é hora de ir. E o mais divertido é que a pessoa pode participar desse processo contigo.

Convida a criança a mudar a luz dos semáforos, ou a tirar as barras da bateria ou a mudar os ponteiros dos relógios.

Juntar os dois estímulos

Podes ainda juntar estes dois estímulos se no caso da pessoa isso for positivo! Sê um detetive e percebe o que funciona com ela. Se a pessoa se divertir no processo de sair de casa é algo que vai querer fazer com mais facilidade e espontaneamente, vai ser um momento que vai querer repetir.

Quando colocares estas dicas em prática tenha em atenção um aspecto fundamental… Tem em atenção que a tua expressão facial e corporal seja coerente com o que diz. Se queremos mostrar à pessoa como este processo pode ser divertido e se queremos que acredite no que comunicamos convém que toda a nossa expressão facial e corporal acompanhe. Sorri enquanto falas com ela, deixa os teus olhos brilhar – retira qualquer expressão de receio, frete ou que não transpareça a ideia que estás a tentar transmitir.

Explicações nunca são demais

Algo que também podes fazer é explicar o que irá acontecer a seguir. Se por exemplo a pessoa for para a escola tenta numa fase inicial perceber com a professora como vai ser o dia para poder explicar à pessoa que acompanhas e dar também essa previsibilidade.

Essa explicação pode ser dada com ajuda de uma calendário semanal, em que a pessoa sabe o que irá acontecer naquele dia. Tenta perceber o que a pessoa faz na escola que gosta, para lhe explicar que o irá fazer nesse dia.

Por exemplo, imagina que a pessoa adora água e todas as quintas é dia de piscina. Na manhã de quinta antes de sair de casa podes explicar-lhe que hoje é o dia que gosta tanto, o da piscina, onde vai poder estar e brincar na água.

Em suma…

Tenta perceber que atividades do dia irão existir para lhe dar previsibilidade e também vontade e motivação para ir para a escola. Queremos que a pessoa encontre motivos para querer ir e que a experiência seja igualmente interessante para ela vs ficar em casa.

Dependendo da faixa etária e do ano escolar onde se encontra a pessoa, poderás ainda sugerir às professoras de numa fase inicial, ela poder levar brinquedos ou jogos que goste para a escola para os poder fazer nesse contexto e ganhar mais motivação em estar lá.

Em suma, percebe o que a pessoa gosta de fazer quando está em casa e possibilita que isso em alguns momentos também seja possível na escola para facilitar a transição numa fase inicial, até a pessoa ganhar gosto e gostar de estar no contexto novo.

Podes aprender mais sobre este tema através das nossas Masterclasses:

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