Uma das coisas mais importantes que as pessoas com autismo nos ensinam é a nunca desistir, a ser persistentes. Por vezes, são precisas muitas horas de trabalho, semanas, meses ou até anos para conseguirmos certos avanços com a pessoa com autismo. Mas, a longo prazo, é um trabalho que valerá 100% a pena. Então, é importante acreditar, um dia de cada vez, e percorrer uma caminhada milímetro a milímetro, centímetro a centímetro. E, assim, um dia, corrermos a maratona!
Acreditamos que tudo é possível e as pessoas com autismo têm este fantástico dom de nos surpreenderem quando menos esperamos!
Para sermos persistentes, é importante termos em mente os seguintes aspetos:
- As pessoas com autismo são capazes de qualquer coisa.
- As pessoas com autismo são capazes de mudar e se desenvolverem. Assim, trabalhar com elas nesse sentido é uma das melhores coisas que podemos fazer, neste momento, para as ajudar a ultrapassarem os seus desafios. O facto de a pessoa com autismo não o conseguir fazer algo hoje não quer dizer que não o conseguirá fazer amanhã ou daqui a uma ou duas semanas.
- É importante conseguir estar confortável e tranquilo/a em pedir à pessoa com autismo para fazer coisas que ela ainda não faz ou não consegue fazer, sem ceder à frustração, pois a frustração pode bloquear uma nova tentativa de ajudar a pessoa a conseguir alcançar determinado objetivo com sucesso.
Persistência vs Coerção
Um outro aspeto a ter em atenção é a diferença entre persistência e coerção.
Persistência = motivar a pessoa a tentar, respeitando sempre o seu ritmo;
Coerção = forçar e impor a aprendizagem;
Assim, para evitar passar da persistência à coerção, tenta refletir sobre a seguinte questão, sempre que pedires algo de novo à pessoa com autismo, ou a desafiares a fazer algo em que ainda tem alguma dificuldade:
- Fará alguma diferença na vida da pessoa daqui a um ano, se aprender alguma tarefa específica na sexta-feira em vez de aprender na terça-feira?
Reflete sobre esta questão sempre que sentires a necessidade de forçar a pessoa a aprender/fazer alguma coisa quando ela está ativamente a resistir. Queremos que a pessoa tenha interesse, que associe a aprendizagem à diversão – não à coerção ou obrigação.
Assim, é essencial ter objetivos e a persistência é um elemento chave para não se desistir e conseguir ajudar a pessoa com autismo a ultrapassar os seus desafios. No entanto, queremos evitar batalhas de controlo. Então, sempre que acontecer entrares numa batalha de controlo com a pessoa com autismo, numa situação em que não é imperativo a pessoa fazer o que lhe estás a pedir, a melhor opção é seres um exemplo de flexibilidade. Podes ser esse exemplo ao largares esse objetivo/tarefa e tentares novamente, mais tarde, pois queres dar prioridade à relação e não ao objetivo.
Um convite ao desenvolvimento
Desta forma, queremos convidar a pessoa com autismo a crescer, a se desenvolver e abrir uma nova porta na sua vida – a das relações sociais. Ao abrir esta porta com a pessoa, estamos a ser um bonito exemplo do que queremos inspirá-las a ser. Então, vamos ser um exemplo de coragem para mudar e crescer, para olhar para dentro de nós e tornar-nos também mais flexíveis, relaxados, curiosos e presentes. Vamos desafiar-nos a nós próprios. E, assim, juntos, podemos abrir uma porta para descobrir toda uma vida de conexões e relações positivas.
Diverte-te a ser persistente e a convidar a pessoa com autismo a desenvolver-se!