O maior erro que cometemos quando estamos a trabalhar com pessoas com autismo, é iniciar a interação quando elas ainda não estão prontas. Quando uma pessoa com autismo está em comportamento repetitivo, não está a olhar para nós, nem a procurar qualquer tipo de interação, está-nos a comunicar que naquele momento não está pronta para isso. De facto, é fundamental termos em atenção os tempos de disponibilidade.
Tempos de disponibilidade e janelas de oportunidade
Quando as pessoas com autismo estão prontas para a interação ou estão pelo menos abertas a isso dão sinais, as chamadas janelas de oportunidade – que pode ser um olhar, comunicar connosco de alguma forma, vir para ao pé de nós e procurar maior proximidade como encostar a cabeça no nosso ombro ou vir sentar-se no nosso colo. E são estes pequenos sinais que nos informam que ela está interessada em nós e em querer estar connosco, mas muito provavelmente não saberá como iniciar a interação.
Celebrar cada passo
Quando estes sinais aparecem é muito importante a forma como reagimos e como respondemos a eles. No autismo importa muito sermos bastante responsivos quando temos uma janela de oportunidade pois queremos motivar a pessoa com autismo a procurar cada vez mais por esse tipo de interação.
A primeira coisa que sugerimos que faças é antes de mais nada – Celebrar! Ao celebrar a pessoas que acompanhas pelo olhar, pela pergunta/pedido que te fez, irás dar-lhe sinais do que é importante ela fazer e motivá-la consequentemente a repetir essas mesmas competências.
Oferece algo do seu interesse
Quando olhar para ti, se aproximar de ti e/ou falar contigo, expressa-lhe como adoras que o faça. Celebra descritivamente o que ela fez de bem que tanto gostaste e explica-lhe como é bom quando o faz. Se após esta celebrações, continuar com a atenção em ti, é hora de entrar em ação! Oferece algo! Muitas vezes quando estas situações acontecem, como não sabemos muito bem o que fazer, temos tendência a fazer perguntas. O problema de iniciar a interação a fazer perguntas é que estamos de imediato a fazer uma solicitação, ora que a ideia inicial, é que queremos oferecer algo para motivar a pessoa a permanecer connosco na interação.
Em vez de fazer uma pergunta – o que muitas vezes acaba com a interação – oferece algo que mostre como a interação pode ser divertida e super interessante para ela! Faz algo de divertido e convincente, algo que saibas que ela vai adorar!
Recorre às suas principais motivações
Os interesses variam muito mas geralmente ações apelativas como danças tontas, cambalhotas, cócegas, expressões faciais corporais e faciais mais exageradas, etc – funcionam muito bem… Observa o que cativa a atenção da pessoa que acompanhas e nesse momento tenta-lhe oferecer algo que esteja dentro do seu foco de interesse.
Se gosta de música podes tocar um instrumento. Ou, se prefere desenhar, podes começar a desenhar uma cara engraçada ou algo que a faça rir. Contudo, se gosta de estímulo visual podes colocar uns óculos e uma peruca. Podes levantar-se e dar saltos no trampolim e convidá-la a vir saltar contigo.
Podes ainda pegar em bolinhas de sabão e começar a fazer bolinhas para ela. Ou pegar numa bola e começar a atirá-la ao ar…. Percebe o que resulta com ela e põe-te em ação! Não importa tanto o que seja, o que importa é comeceste a fazer algo que o torne bastante interessante para ela. Algo que a possas convidar a ficar um pouco mais contigo na interação, a olhar para ti, falar contigo…
Antes de apresentar qualquer jogo/atividade tem em atenção o seu estado de disponibilidade. Espera que esteja conectada contigo para poder entrar em ação. A ideia é começar com coisas simples e numa fase inicial, tentar resistir à tentação de solicitar. Queremos motivar a pessoa a permanecer na interação connosco e queremos mostrar-lhe como esta pode ser divertida e boa para ela. Aguarda as janelas de oportunidade e quando elas aparecerem, agarra-as com força e muita animação!