Procurar

Comunicação verbal: responder aos sons

6 de Janeiro de 2021 – vencerautismo

Muitas pessoas com autismo numa fase inicial da comunicação verbal começam a verbalizar alguns sons aleatórios, muitos deles sem intenção comunicativa,. Nestas situações é fundamental responder e dar significado a esses sons.

Responder e dar significado aos sons

Uma forma de desenvolver esta área e ajudar a pessoa com autismo a perceber a função e utilidade da comunicação verbal é começar a responder a esses mesmos sons. Sugerimos que o faças mesmo que nessa fase ainda não saibas concretamente o que ela quer comunicar. Ela até pode estar a fazer o som sem intenção de comunicar, mas tu podes dar-lhe essa intenção para a motivar a desenvolver mais esta área.

Desta forma, é importante que a pessoa com autismo comece a perceber que os sons que verbaliza podem levar a ações. Queremos que perceba que comunicar verbalmente pode ser muito poderoso e pode ajudá-la no seu dia-a-dia. Nesta fase, é fundamental começares a dar significado e sentido aos sons que a ela vai verbalizando aleatoriamente e dar-lhes uma intenção comunicativa.

A melhor forma de o fazeres é começar a responder rapidamente aos sons que a pessoa já emite. Queremos que ela comece a associar que ao verbalizar acontece algo. Mesmo que no início não o faça com intenção de comunicar, tu podes dar-lhe essa intenção e ajudá-la a ver esta ligação de forma mais clara. É muito importante que a pessoa comece a associar sons a coisas.

Por exemplo, imagina que a pessoa verbaliza “a”. Nesse momento, podes entrar em ação e podes questionar se quer água, um abraço, etc. Ao teres reações rápidas e ao seres responsivo/a aos sons que emite, irá ajudar a pessoa a perceber esta ligação e que efetivamente os outros se movem mais rápido quando ela fala e que, por conseguinte, consegue mais rapidamente o que quer/precisa.

Desta forma, quando a pessoa verbalizar algo, move-te rápido! Tenta dar-lhe algo que seja motivador para ela. Por exemplo, imagina que estás numa interação com a pessoa e ela diz “ó” – podes no imediato oferecer-lhe cócegas e explicar-lhe que como disse “ó” pareceu que estava a pedir por cócegas (mesmo que não tenha sido essa a sua intenção).

Modelar

Quando estiverem na brincadeira das cócegas modela o som/sílaba que ela poderá usar para pedir por mais cócegas. Ao fazeres isso, a pessoa irá ouvir várias vezes o som/sílaba na brincadeira e será mais fácil para ela associar essa verbalização ao que está a acontecer.

Quando queremos ajudar as pessoas a dizer algumas sílabas/palavras específicas para pedir por algo, queremos ter a certeza que apresentamos essa sílaba/palavra, de forma clara e fácil de ouvir. E a melhor forma de o fazer é isolar essa sílaba e/ou palavra – para que as pessoas com autismo ouça apenas isso, para que não haja distrações para outras sílabas/palavras

Mesmo que a pessoa ainda não fale, não tenhas receio de solicitar linguagem. É hora de a desafiares a usar mais a parte da comunicação verbal e a dificultares um bocadinho. Da próxima vez que a pessoa comunicar contigo por comunicação não verbal como apontar/puxar-te para o que quer, faz uma pausa e solicita um som/sílaba. Como por exemplo “Oh eu sei que queres qualquer coisa. Usa os teus sons e irei a correr buscar o que precisas!”. Ou se, por exemplo, sabes que quer a bola podes também solicitar desta forma “Será que é a bola que queres? Se for, podes dizer “bo” que eu vou a correr buscar!”. Esta parte de solicitar, faz apenas quando tu sabes claramente o que a pessoa quer e/ou quando ela te está a pedir algo recorrendo a outras estratégias que não sejam a comunicação verbal.

Para começar, aconselhamos a que escolhas sons úteis. Escolhe sons de coisas que a pessoa quer ou gosta muito neste momento (“ca” para carro, “bo” para bola, etc., etc.) e/ou ações que podem ser divertidas para ela (“ba” para balançar, “có” para cócegas, etc., etc.).

Quando a pessoa com autismo não recorrer à comunicação verbal para te pedir algo, faz-te de “desentendido/a”. Desta forma, estás a mostrar que queres ajudá-la e dar o que precisa, mas precisas do poder dos seus sons para perceberes melhor 🙂

Celebrar

Outro factor fundamental é celebrar toda e qualquer tentativa de comunicação que a pessoa tenha contigo. Mesmo que ela já tenha avançado nesta área, continua a celebrar muito! Celebra sons, celebra palavras, partes de palavras, pequenas frases e explica o que estás a celebrar, como por exemplo “Obrigada por usares as tuas palavras, gosto imenso de ouvir a tua voz!”. Tenta variar nas celebrações: podes dançar, pular, dar uma cambalhota, dar mais ênfase às expressões corporais e faciais, etc. É muito importante reforçares e celebrares todas as tentativas da pessoas. Ao fazê-lo estás a transmitir-lhe confiança e que acima de tudo, acreditas a 100% na sua capacidade de verbalizar. As celebrações/elogios vão ajudar a pessoa a sentir-se bem sucedida e, por consequência, mais confiante e motivada para continuar a desenvolver esta área.

Podes aprender mais sobre este tema através das nossas Masterclasses:

Podes aprender mais sobre este tema através das nossas Masterclasses:

Artigos relacionados

Trabalhar a linguagem I

26 de Março de 2015 – vencerautismo

Trabalhar a linguagem II

26 de Março de 2015 – vencerautismo

Discurso limitado ou não verbal

26 de Março de 2015 – vencerautismo

Perguntas! Perguntas! Perguntas!

29 de Dezembro de 2017 – vencerautismo

Como desenvolver a comunicação verbal

18 de Março de 2020 – vencerautismo

Dicas para desenvolver a comunicação verbal

26 de Março de 2020 – vencerautismo
Anterior
Seguinte

Eventos relacionados