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Como participar dos comportamentos repetitivos?

17 de Março de 2021 – vencerautismo

Uma das caraterísticas muito comuns das pessoas no espetro do autismo é terem comportamentos repetitivos.

Estes comportamentos repetitivos variam muito de pessoa para pessoa e a verdade é que os mesmo podem-se verificar de diferentes formas.

Alguns comportamentos repetitivos podem ser movimentos como balançar o corpo, abanar as mãos, alinhar objetos, falar sempre do mesmo assunto, fazer perguntas repetitivas, fazer o mesmo jogo sempre da mesma forma, etc.

Função

A verdade é que estes comportamentos repetitivos têm uma função – não existem só porque sim e a pessoa com autismo não os faz só porque lhe apetece. É muitas vezes uma forma de tomarem conta de si, num mundo que para elas é completamente imprevisível.

Estes comportamentos repetitivos acabam por lhes trazer conforto porque são ações previsíveis e é uma forma de se auto regularem e conseguirem filtrar o bombardeamento sensorial pelo qual possam muitas vezes.

Como participar?

Uma forma de criar ligação com as pessoas com autismo quando estão nesses comportamentos exclusivos é juntar-nos ao que estão a fazer.

Experimenta esta abordagem hoje e vê como é que a pessoa que acompanhas reage.

Damos alguns exemplo:

Quando está a alinhar brinquedos, coloca-te em frente a ela (com alguma distância) e começa a alinhar também objetos.

Se está a falar sempre sobre o mesmo assunto, torna-te o ouvinte mais interessado(a) e entusiasmado(a) do mundo por estares a ouvir o que ela tem para te dizer.

Se por outro lado, está a andar de um lado para o outro da sala. Começa a andar no sentido contrário ao dela mas sem entrar no seu espaço.

Tenta participar do que está a fazer no momento mas sem interferir no espaço dela e sem querer modificar o que está a fazer. Simplesmente observa, percebe como faz o comportamento repetitivo e junta-te a ela sem esperar nada em troca e espera para ver o que acontece…

Quando não aceitam ou dizem claramente que não querem

Algumas pessoas podem não aceitar que nos juntemos aos seus comportamentos repetitivos e exclusivos. Muitas podem não entender o que estamos a fazer e podem achar que estamos a tentar invadir o seu espaço para lhe pedir para mudar e / ou fazer outra coisa…

Nesses casos podemos explicar à pessoa que o que ela faz é simplesmente maravilhosos e incrível e que queremos participar do que está a fazer porque achamos interessante e queremos saber mais sobre ela.

Quando nos estivermos a juntar é importante não estarmos no espaço dela – queremos estar no mesmo espaço que ela mas não em cima dela.

Se ela está a usar todos os livros, não lhe vamos “roubar” os livros para nos podermos juntar ao que ela está a fazer. Vamos tentar arranjar os nossos próprios livros e se não tivermos podemos usar revistas, folhas, o que estiver à mão e fizer sentido.

Queremos que confie em nós e que tenha interesse em estar connosco para conseguirmos criar a relação que tanto desejamos.

Comportamentos repetitivos como porta de entrada

Os comportamentos repetitivos podem ser a porta de entrada para a construção dessa relação. Junta-te à pessoa que acompanhas e espera que se mostre recetiva. Quanto mais nos juntarmos, mais facilmente ela ficará recetiva às nossas ideias e estímulos, mais facilmente terá a atenção dela em nós.

Quando a pessoa com autismo estiver mais recetiva e isso podemos verificar quando temos uma pessoa que olha mais para nós, que vem para ao pé de nós e não necessita de estar tão “afastada”, quando a sua expressão fácil demonstrar mais conexão e interesse ou quando ele falar connosco… vamos então inspirar o seu crescimento 🙂

E como podemos fazer isso?

Vamos simplesmente juntar algo novo à atividade. Se a pessoa está sempre a desenhar a mesma coisa, vamos desenhar algo diferente. Ou vamos contar uma história sobre o desenho que estamos a fazer. Ou vamos sugerir fazer um desenho novo para oferecer a alguém especial. Se aceitar perfeito!

Celebra o que fizeram juntos(as) e agradece por te ter deixado participar dessa atividade tão prazerosa.  O facto de celebrarmos ajuda a pessoa a sentir que teve sucesso e motiva-a a continuar.

São poucas as vezes que mostramos a nossa gratidão pelas pequenas coisas e este pequeno gesto, pode fazer toda a diferença. Mas se ela te disser “não” quando tentares inspirar crescimento na atividade e / ou jogo, aceita esse “não” – lembra-te que podes sempre obter um “sim” um dia mais tarde.

Podes aprender mais sobre este tema através das nossas Masterclasses:

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