Vamos lá falar aberta e tranquilamente sobre o diagnóstico da pessoa com autismo 🙂
O mais importante a reter é que não existe momento nem maneira certa de explicar à pessoa com autismo o seu diagnóstico. Todas as pessoas e famílias são diferentes e, por isso, este momento será diferente para todos. No entanto deixamos alguns aspectos a ter em conta quando este momento surge.
Idade da pessoa
Devemos ter especial atenção à idade, desenvolvimento e funcionamento da pessoa. Não vamos dar a mesma informação a uma criança de cinco anos que damos a um adolescente de treze anos, assim como não damos a informação da mesma forma a uma pessoa não verbal e com um tempo de atenção de 1 minuto que damos a uma pessoa com um nível de alto funcionamento em todas as áreas.
Vai respondendo às perguntas da pessoa. Há pessoas que perguntam “eu sou especial, porquê?”, “porque é que eu faço estes movimentos?”, ou “porque é que eu não consigo ter amigos?”. É importante que nesses momentos apoies, explores o tema e dês alguma informação à pessoa:
- Podes perguntar porque é que ela diz isso;
- Podes perguntar porque é que ela acha que tem essas dificuldades;
- Podes também explicar que essas dificuldades com ajuda podem ser ultrapassadas;
- Podes explorar em conjunto formas de ultrapassar essas dificuldades;
- Podes, atendendo à idade e nível de desenvolvimento da pessoa, explicar-lhe que tem autismo e que, por isso, tem dificuldades numas coisas, é sensível a outras e é muito boa noutras coisas.
Prevenção
Sempre que fizer sentido, aposta na prevenção e na educação para a diversidade e aceitação da diferença: afinal somos todos diferentes. Não temos que fazer da diferença da pessoa o fim do mundo. Podes explicar que tem autismo, tal como outras pessoas têm dificuldade a andar, ou vêm mal ou até mesmo têm dificuldade em fazer determinadas coisas. Somos também diferentes porque umas pessoas têm a pele de uma cor e outras de outra. Umas são altas e outras são baixas. Umas têm autismo e outras não.
Razões para dar o diagnóstico
Pensa no porquê de quereres dizer à pessoa que tem autismo:
- É porque ela pergunta?
- É porque te vai tirar um peso de cima?
- É para a proteger? E se sim, de quê?
- É porque achas que ela vai ficar triste/chateada quando souber?
Às vezes, criamos ansiedade por algo que achamos que tem de acontecer já, mas pode não ser o seu tempo. Por exemplo, uma pessoa que está completamente fechada no seu mundo, será que está preocupada em saber se tem autismo? Talvez não esteja, provavelmente só precisa, naquele momento, de se sentir aceite e amada.
O que dizer em relação ao diagnóstico
O que dizer dependerá sempre da situação e da pessoa. Para algumas pessoas dizer que tem autismo não vai significar nada, mas reconhecer e ajudá-la nas suas dificuldades, enquanto valorizas as suas potencialidades, já pode fazer a diferença.
É importante perceberes como é que te se sentes em relação ao autismo da pessoa. Aceitas? Julgas? Estás frustrado/a e zangado/a com a situação? Ainda estás no processo de aceitação do diagnóstico? Tudo isto é válido. Mas o que tu sentes vai influenciar a forma como passas a mensagem à pessoa.
Pensa como é que gostarias de dizer, que mensagem é que gostarias de passar, com que sentimento é que ficas quando pensas nesse momento, que palavras-chave queres usar e prepara esse momento.
Se achares que vai ser um momento difícil, vai treinando tua vossa cabeça o que dizer, quando e como. Treina, por exemplo, com algum familiar, ou uma pessoa que te seja próxima. Mas foca-se, acima de tudo, em mostrar que o diagnóstico não muda a tua aceitação ou amor pela pessoa.