As pessoas com autismo têm interesses muito pouco comuns e na maioria das vezes, bastante restritos. Estes interesses pouco comuns e restritos, acaba por muitas vezes nos limitar e dificultar nas ideias de atividades / brincadeiras / jogos que gostaríamos de fazer com elas e nas quais gostaríamos que participassem. Mas a verdade é que não precisamos de mais jogos / atividades / brincadeiras. Podemos começar com algo bem simples como: as suas motivações e juntar-nos aos interesses delas.
Por norma temos tendência a comparar as pessoas com autismo a outras pessoas da sua idade mas a verdade é que cada pessoa é uma pessoa e cada pessoa terá as suas especificidades, interesses e desafios. E o facto da pessoa com autismo ter essas diferenças não faz dela menos, nem mais. Faz dela única, como cada pessoa é.
Cada pessoa é única
Quando estamos com uma pessoa com autismo temos que olhar para ela como ela é e começar com o que faz sentido para ela vs o que é suposto fazer ou o que os outros fazem.
Se passa horas a abanar fitas de papel, vamos tentar construir uma relação a partir daí – pois é onde tem o foco nesse momento. Vamos ao encontro dela em vez de tentar desviar a sua atenção para coisas que neste momento não lhe interessam.
Não quer dizer que um dia não terá interesse, mas neste momento não é o que lhe faz sentido, portanto vamos seguir o seu ritmo e dar-lhe tempo para vir na nossa direção, quando ela estiver pronta e sentir que é o momento.
Por onde começar?
Observa o que a pessoa que acompanhas faz. Quando está sozinha, o que procura? O que lhe cativa atenção? O que procura de forma espontânea? Que tipo de coisas / atividades, relaxam, fazem sorrir?
Se for mais fácil, faz uma lista. Durante uma semana observa sem fazer nada. Observa e tenta perceber.
Coloca os teus óculos detetives e observa sem julgamentos, sem ideias pré concebidas do que está certo / errado. Observa e tenta olhar para as coisas através dos seus olhos.
Junta-te
Quando tiveres a tua lista pronta e te sentires preparada(o), experimenta juntares-te às coisas que já faz. Se alinha objetos, começa a alinhar objetos à sua frente. Tira o momento para desfrutares do que estás a fazer e tentar perceber e sentir o que a pessoa sente quando tem este comportamento.
Faz o comportamento durante uns momentos. Esvazia a mente e sente apenas. Se a pessoa que acompanhas passa horas a fazer este comportamento é porque retira algo de muito positivo dele e a melhor forma de perceberes o que poderá ser, é tentar colocares-te na sua pele.
Sem medos, nem julgamentos, vai na sua direção e permite-te sentir. Junta-te a ela alguns minutos e observa como reage. Junta-te sem esperar nada em troca mas abre o teu coração para as janelas de oportunidade que poderão surgir.
Em suma, juntarmo-nos à pessoa com autismo transmite-lhe uma mensagem muito poderosa que é: amo-te e aceito-te tal e qual como és.