Como já saberás, a estereotipias ajudam a pessoa com autismo a autorregular-se. Portanto, pedir para parar (mesmo quando a estereotipia nos incomoda), acaba por ser uma solução que raramente resulta. E mesmo que a pessoa pára de a fazer, estamos retirar-lhe um comportamento que ajuda no seu bem-estar.
Reflete sobre o que te incomoda
É sempre importante a tua reflexão interior sobre “porque é que isto me incomoda assim tanto?”, “se eu entendo que isto faz bem à pessoa com autismo, porque é que me incomoda ou me preocupa aquilo que os outros possam pensar deste comportamento?”. Mesmo que a estereotipia da pessoa dê abertura a comentários do género “esta pessoa tem um problema grave” ou “algo de errado se passa com ela”, tu sabes, nós sabemos que não é assim.
Sabemos que a pessoa se está a autorregular e que este é um comportamento que todos nós temos – mas, por norma, de uma forma que passa mais despercebida ou é mais facilmente aceite, tal como estar a mexer no cabelo, abanar a perna, clicar na caneta, etc.
Fazer esta reflexão pode ajudar-te a sentires-te mais confortável com estas situações e a aceitar tranquilamente o comportamento. Quando mostras aos outros que estás confortável, ajudas também a normalizar a questão. Para além disso, dependendo da situação, podes explicar simplesmente às pessoas que a pessoa faz isso para se autorregular, normalmente, quando se sente muito entusiasmada ou nervosa. Porque, por vezes, tudo o que as pessoas precisam é de compreender o comportamento e deixam de julgar 😉
Oferece alternativas
No entanto, também compreendemos que em algumas situações e com algumas estereotipias, pode fazer sentido ajudar a pessoa com autismo a encontrar uma alternativa que funcione para ela e que seja mais aceitável socialmente:
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oferecer algo que dê a mesma sensação
Por exemplo, se a pessoa aperta as mãos, podes oferecer uma massagem. Se quer tocar nas camisolas de toda a gente, podes dar-lhe um pano com diferentes texturas para sentir. Se fica a bater com os dedos na mesa, podes sugerir bater com os dedos na perna ou noutro material que não faça tanto barulho, etc.
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arranjar brinquedos sensoriais ou “stim toys”:
Há alguns brinquedos que parecem funcionar bastante bem como estereotipia e ter uma função relaxante para algumas pessoas com autismo. Partilhamos contigo algumas opções (podes verificar que para cada um dos exemplos há vários tipos de objeto e podes encontrar ainda outros diferentes e mais ajustados à pessoa):
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encaminhar a pessoa para um ambiente mais tranquilo e isolado para que possa fazer a sua estereotipia à vontade;
A ideia não é dizer à pessoa para parar o seu comportamento. Mas quando inicia a estereotipia, podemos sugerir algo diferente: “Percebo que estás super entusiasmado/a, o que achas de apertar esta bola com força/mexer neste tecido/receber uma massagem de pressão/morder este brinquedo/etc?”, consoante o que fizer mais sentido para a pessoa.
Pode ser necessário experimentar diferentes alternativas, por isso, não desistas se a primeira alternativa que tentares não tiver muito sucesso. Podes sempre voltar a tentar novamente, com essa alternativa e/ou com outra. Lembra-te também de deixar estes brinquedos disponíveis facilmente.
Por exemplo, podes tê-los espalhados pela casa, podes colocar um na mochila da pessoa, sugerir que tenha um no trabalho, etc, para que possa utilizar se sentir necessidade.
Além disso, podes modelar o comportamento para a pessoa e mostrar-lhe como usar estes brinquedos. Podes dizer-lhe “Ai, estou a sentir-me um bocado ansioso/a, vou brincar um bocado com este cubo, acho que me ajuda a relaxar, queres experimentar também? Sabe mesmo bem!”