Birras vs. Crises

22 de Março de 2023 – vencerautismo

Muitas vezes, é difícil perceber a diferença entre uma birra e uma crise. Por isso, de seguida, explicamos cada um dos comportamentos e também a principal diferença que nos ajuda a identificar e agir:

Birra

Uma pessoa com autismo pode fazer uma birra quando tenta obter algo, quando não pode jogar um jogo, por exemplo, ou para conseguir atenção. Não obstante este comportamento ser aparentemente inapropriado, a pessoa faz uma birra por uma razão e tem algum controlo sobre ela. Pode parar o tempo necessário para garantir que alguém está a olhar para ela. E voltar à birra assim que for o centro das atenções. As birras tipicamente param quando a pessoa consegue o que quer ou quando se apercebe que não irá conseguir o que quer agindo desta forma.

Crise

Uma pessoa com autismo pode ter uma crise se se sentir assoberbada. Ou seja, as crises são normalmente, resultado de uma sobrecarga sensorial. Ou seja, quando há informação em excesso para ser processada pelo cérebro da pessoa. Por exemplo, para algumas pessoas, uma ida ao parque de diversões pode fornecer informação sensorial – incluindo cenários, sons e cheiros – mais depressa do que a pessoa consegue processá-la. Para outras pessoas, a perspectiva de ter que tomar um grande número de decisões pode provocar uma crise. Ou por exemplo, algo tão simples como experimentar novas roupas ou fazer um teste importante pode causar uma crise.

A principal diferença entre birras e crises está no facto de as birras terem um propósito e as crises serem o resultado de sobrecarga sensorial. Uma birra normalmente parará assim que a pessoa conseguir o que quer ou quando percebe que é melhor mudar de estratégia ou quando respondemos de forma diferente daquela que costumamos usar. Uma crise normalmente pode continuar depois da sobrecarga, porque o a pessoa precisa de algum tempo para se autorregular.

As crises tipicamente terminam de uma destas formas: a pessoa fica esgotada, encontra um ambiente sossegado com menos informação sensorial e, eventualmente, consegue autorregular-se. Mas é natural que a sensação de cansaço extremo dure algum tempo.

Lidar com birras e crises

Birras e crises são diferentes, mas sugerimos que uses uma abordagem semelhante com cada uma delas.

Para lidar com uma birra, reconhece os desejos da pessoa sem ceder a eles. “Compreendo que queres mais fruta. Vais poder comê-la ao jantar”. Depois ajuda-a a usar uma forma de comunicar-se mais útil para conseguir o que quer. “Quando tiveres acabado de gritar e conseguires falar calmamente, diz-me que tipo de fruta vais querer para sobremesa”.

Para lidar com uma crise, ajuda a pessoa a encontrar um sítio sossegado para se acalmar. Um ambiente calmo dá ao cérebro da pessoa com autismo a oportunidade de ter um momento para processar a informação sensorial. Convida-a a ir para um lugar sossegado. Senta-te calmamente com ela e sê apenas uma presença tranquilizadora. O objetivo final é reduzir a quantidade de informação recebida pela pessoa.

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