Acima de tudo, é muito importante que tenhamos presente esta ideia: Todos nós temos criatividade e todos nós temos a capacidade de desenvolver esta área. 

Foco na atitude

A criatividade é uma atitude, é saber que o que temos para oferecer à pessoa com autismo é bonito, divertido e interessante. Assim, acreditar na nossa criatividade é o primeiro passo. Então, começa a dar paixão às tuas ideias em vez de as julgares, faz com que as tuas ideias ganhem asas, em vez de ficarem somente pelo papel. 

A maior parte dos pais e cuidadores sente a dificuldade de criar e inventar jogos para as pessoas com autismo. Muitos sentem que não têm essa capacidade, mas chegou a hora de se desafiarem, de colocarem as mãos na massa e acreditar que também são capazes. Na verdade, todos os dias pedimos às pessoas com autismo que se desafiem, que saiam da sua zona de conforto e ultrapassem as suas dificuldades. E agora chegou o momento de fazermos o mesmo connosco próprios! 

A boa notícia é que todos nós somos criativos, mas algumas pessoas podem ainda não o saber. Então, pára de dizer a ti mesmo/a que não és capaz e começa simplesmente a fazer. Pois quanto mais praticamos a nossa criatividade, mais a estimulamos e desenvolvemos, e mais rapidamente surgem ideias novas. Vamos começar a dar oportunidade ao nosso cérebro de fazer o seu trabalho e, da mesma forma que te incentivamos a acreditar nas pessoas com autismo, hoje incentivamos-te a acreditares também em ti – sem julgamentos, nem pressões. 

Na verdade, as coisas simples são as que geralmente mais facilmente cativam a atenção das pessoas com autismo e, por isso, na maior parte das vezes, nem precisamos de recorrer a muitos materiais ou atividades muito elaboradas. 

Partilhamos de seguida algumas ideias de jogos simples que podes fazer com materiais que geralmente toda a gente tem:

1. Caixas de cartão

Este tipo de material é ótimo para pensar em atividades com pessoas com autismo, pois podemos fazer imensas coisas! A nossa caixa de cartão pode ser um barco, em que nos sentamos dentro e remamos de lado. Pode ser um carro ou autocarro, onde desenhamos rodas e puxamos a pessoa. Pode ser um cesto para encestarmos a nossa bola e ver quem ganha mais pontos. Podemos ainda fazer túneis, janelas, construções… tanta coisa gira! Pode ser um tambor, pode ser um chapéu que colocamos na cabeça e com o qual fazemos macacadas e “caímos”, porque não vemos nada à frente. Pode ser um submarino, onde recortamos duas janelas à frente para conseguir ver e saber para que lado ir…

Se a pessoa com autismo adorar estímulos visuais como ver coisas a cair, podemos encher o caixote com peluches, confettis, bocados de papel e virar ao contrário para lhe dar esse estímulo, etc. 

2. Balões – excelentes para jogos com antecipação!

Podemos encher os balões devagarinho e depois largá-los para os ver a voar pela sala. Se a pessoa com autismo gosta de letras e/ou números ou ainda desenhos, podes desenhar no balão e convidá-la a ver esses desenhos crescer. Também podes fazer o jogo da batata quente, em que cada um/a tem de passar o balão ao outro/a sem deixar cair. Ou então podes ver quem aguenta mais tempo com o balão no ar sem o deixar cair e fazer uma competição de balões com pontos e troféus, etc.

3. Rolos de cozinha

Podem ser telescópios com os quais observamos as estrelas coladas no teto, mas também podem ser binóculos que levamos para as nossas super aventuras na “selva” ou no “mar”. Se a pessoa com autismo gostar de sensações físicas suaves, podes soprar para o seu pescoço através do rolo ou se gosta de murmúrios podes sussurrar-lhe ao ouvido. Podes fazer um telefone, com um fio que ligue de um lado ao outro ou ainda um microfone que usamos para dar grandes concertos, etc etc. 

A ideia é esta – usar coisas simples e torná-las divertidas. Começa a fazer este exercício em casa. Pega em objetos simples do dia-a-dia (ex: garrafa de água, caneta, lápis…) e pensa que outras funções lhes poderias dar para além da função habitual. Estimula e puxa pela tua criatividade, vais ver que podes sair surpreendido/a!

A questão é sempre a mesma: a nossa atitude. Não é tanto o que levamos, mas a forma como o apresentamos. Todos nós já tivemos atividades que foram rejeitadas pela pessoa com autismo e está tudo bem. Acredita na tua brincadeira e apresenta-a como sendo a melhor do mundo! Apresenta a brincadeira sem pressão e com toda a energia e entusiasmo que tiveres no momento. Se a pessoa não aceitar, não há problema. Tenta mais tarde e apresenta a mesma brincadeira, mas de forma diferente. Inclui as principais motivações da pessoa com autismo e respeita os tempos de disponibilidade. Quando a pessoa com autismo estiver conectada contigo, este é o momento de entrar em ação!