Quando as pessoas com autismo manifestam comportamentos desafiantes (birras, autoagressão, agressão aos outros), estão a comunicar algo (por exemplo: “não gosto disto”) ou a procurar obter algo (por exemplo: “se eu fizer isto, acontece aquilo e é bom”). Há sempre um motivo para os comportamentos das pessoas, o objetivo é perceber esses comportamentos (e sua razão) para nos podermos adaptar e reagir de forma mais adequada.
Em primeiro lugar, acreditamos que é importante entre todas as pessoas que lidam com a pessoa com autismo, procurarem ter alguma consistência e coerência na forma de atuar. Assim, quando a pessoa dá um empurrão, ou esperneia, por exemplo:
Ninguém reage, ninguém faz expressões faciais, ninguém tem movimentos ou ações bruscas e rápidas:
Ou seja, não vais falar mais alto, fazer cara de chateada/o, nem tentar resolver a situação rapidamente. Se tentares resolver rapidamente, mostras à pessoa com autismo que este tipo de comportamentos funciona enquanto comunicação. Ou seja, estás a transmitir-lhe que quando ela, por exemplo, te empurra, vais agir rapidamente (mais rápido do que se te pedisse algo verbalmente) para encontrar a solução, para ir ao encontro do que ela quer;
Ninguém dá aquilo que sabem que a pessoa com autismo quer:
Por essa razão é que acima referimos que não deves ter reação. Porque muitas vezes é exatamente isso que a pessoa procura. Portanto, não vais dar, porque não é um comportamento que queiras reforçar. Imagina que sabes que a pessoa com autismo empurra porque quer sair de casa, então não vais logo abrir a porta de casa para irem dar um passeio. Ou empurra porque quer ir para o baloiço, então não vais deixá-la ir para o baloiço logo a seguir ao seu comportamento.
Podes afastar-te e explicar que não entendes o comportamento:
Afasta-te e explica calmamente à pessoa que não pode ter esse comportamento, sem precisares de ter uma grande reação. Tenta fazê-lo de forma neutra, apesar de nem sempre ser fácil. A ideia é mostrares que o seu comportamento não te ativa, nem provoca uma reação do teu lado e não é por te empurrar que vais perceber ou ceder ao que ela quer.
Podes com calma, sem pressa e só depois da pessoa ficar mais tranquila, oferecer uma alternativa ao comportamento:
Sempre que surgir um comportamento mais desafiante diretamente contigo, é importante defenderes-te e ofereceres alternativas (por exemplo, bater numa bola, saltar, etc). Assim a pessoa pode extravasar a sua energia de outra forma.
Além disso, é importante perceberes o que é que a pessoa ganha nesses momentos. Sabendo isso, podes oferecer o que a pessoa procura, noutros momentos, sem que a pessoa tenha que chegar ao ponto de usar estes comportamentos desafiantes para chamar a tua atenção. Por exemplo, se ela consegue mais atenção, mais mimos, mais passeios na rua, mais comida, mais brincadeiras físicas, então, vamos dar-lhe tudo isso, no dia-a-dia (podemos ter que dar um pouco mais do que achávamos necessário). E quando a pessoa com autismo tem os comportamentos mais desafiantes vamos abrandar o nosso ritmo e a nossa resposta, vamos fazer tudo mais devagar. Assim, mostramos que estes comportamentos não são eficazes, eles abrandam a nossa resposta, tornando mais difícil e mais demorado ter o que quer. Ou seja, são comportamentos que não compensam e assim não serão tão utilizados.