A hipotonia normalmente afeta o tónus muscular e a força, o que causa flacidez e moleza corporal. Pode afetar de diferentes formas a pessoa e o seu desenvolvimento, nomeadamente: atraso no desenvolvimento motor, noção corporal diminuída, dificuldades de fala e/ou mastigação, postura desadequada, etc.
Assim, a resistência a algumas atividades pode estar relacionada com a hipotonia – a atividade torna-se demasiado difícil e desafiante e a pessoa com autismo desiste e rejeita. Caso isto se verifique pode ser importante trabalhar a nível da motricidade grossa e fina, promovendo o aumento de tónus muscular.
Deixamos algumas ideias para inspirar (algumas delas também trabalham a parte sensorial – está tudo interligado):
- Diferentes formas de pintar: Podem pintar com as mãos e pés; usar pincéis, esponjas e fios; usar lápis e canetas, mais finos ou mais grossos; usar folha pequena ou grande (movimentos mais pequenos ou mais amplos). Pode ser desenho livre ou ter algumas linhas e formas para preencher. As diferentes opções terão diferentes níveis de exigência para a pessoa com autismo.
- Massagens e movimento: podemos fazer massagens com movimento, o que vai ajudar a ativar diferentes músculos, tendões e articulações, que normalmente podem estar mais passivos. Isto pode ser feito de forma divertida, com alguma música, por exemplo, ou até tornando um momento de relaxamento.
- Andar seguindo a linha: podes colocar fita cola colorida no chão e fazer diferentes percursos. O objetivo é a pessoa com autismo seguir o percurso sem sair da linha. No final do percurso pode haver algo que ela gosta – música, abraço, celebração, etc. Podes até acrescentar no final outro desafio. Por exemplo, ter de apontar o que quer fazer a seguir, ter de encestar uma bola, ter de saltar e apanhar uma bola, etc. O que queremos dizer é que estas diferentes atividades que sugerimos podem ser misturadas. Na verdade, esta é uma atividade que pode ser transformada em circuito, por exemplo.
- Percurso de obstáculos: semelhante ao anterior, mas em vez de andar em linha, tem de ultrapassar obstáculos.
- Saltar para agarrar coisas: saltar envolve vários músculos do corpo, podes usar o saltar normal ou o saltar com trampolim. Por exemplo, podes prender fios no teto com imagens na ponta que não chegam até ao chão e ficam apenas um bocadinho acima da altura a que a pessoa consegue chegar e a pessoa tem de saltar para agarrar aquilo que quer.
- Apertar e atirar bolas: apertar a bola e depois fazer passes entre vocês.
Para tarefas que tenha mais dificuldade em realizar, deixamos algumas reflexões:
- Diminuir o desafio: há determinados movimentos e gestos que parecem simples, mas exigem a utilização de diferentes músculos e coordenação. Então, sempre que possível, deves dividir esses movimentos em micro-movimentos para ir treinando com tempo. Por exemplo, pintar com lápis, exige em primeiro lugar conseguir pegar no lápis adequadamente, conseguir mover o pulso e conseguir mover o braço, para além de controlar a força e pressão que fazemos. Podemos começar por atividades que trabalhem cada uma dessas áreas separadamente: rasgar papel ou apertar coisas (mãos), rodar os pulsos, agarrar e puxar coisas (braços) – são apenas exemplos.
- Celebrar qualquer participação: a pessoa com autismo pode não fazer da mesma maneira, nem sequer fazer a atividade com o objetivo que tinhas pensado, mas esteve envolvida? Então, celebra. Queremos encorajá-la a tentar!
- Ajustar a atividade: tenta envolver a pessoa neste tipo de atividades 1) tornando-as divertidas e 2) por curtos períodos de tempo para não a cansar. Podemos torná-las mais divertidas recorrendo às suas motivações: quando aperta a bola, recebe um abraço, por exemplo. Ou tem que puxar várias fitas para ver qual delas tem associada a imagem da música ou do abraço, etc.