Qualidade de tempo de atenção conjunta

22 de Março de 2023 – vencerautismo

É importante focarmo-nos no que é verdadeiramente importante. Muitas vezes, quando pensamos nos objetivos do modelo de desenvolvimento, nomeadamente, no tempo de atenção conjunta, podemos ficar demasiado obcecados em conseguir que a pessoa com autismo esteja cada vez mais e mais tempo em atividade connosco.

Não há nada de errado nisso, mas temos de estar atentos à forma como o fazemos.

Podemos conseguir que a pessoa com autismo esteja mais tempo connosco, mas se estiver em esforço, contrariada e nada motivada, não estamos a passar-lhe uma mensagem positiva sobre o quão interessante e divertida pode ser a interação social com os outros. Pelo contrário, estamos a contribuir ainda mais para que não tenha interesse em interagir.

Por essa razão, devemos dar passinhos pequenos e focar a nossa atenção na qualidade das interações e não na sua quantidade ou duração (o que não significa que não trabalharemos isso também, a seu tempo).

Assim, numa fase inicial, propomos que procures criar mais pequenos momentos ao longo do dia, experimentando o que resulta melhor, por exemplo:

  • 5 pausas para interação ao longo do dia, de 10-15 minutos cada;

  • 2 pausas para interação de 30 minutos cada;

Experimenta e vê como é que a pessoa com autismo reage. Num primeiro momento, sugerimos que experimentes a primeira opção. Porquê? Porque apesar de serem mais pausas, são mais curtas. Assim, a taxa de esforço da pessoa com autismo será menor. Provavelmente, não chegará ao seu limite, conseguindo estar divertida e em interação o tempo todo, até chegar ao momento em que poderá voltar a outra atividade.

Se neste momento achares que 5 pausas para interação ao longo do dia é muito, começa com menos e vai realizando mais pausas gradualmente.

Se sentes que as 5 pausas de 15 minutos já são super fáceis e confortáveis para a pessoa com autismo, aumenta para 20 minutos. E gradualmente, vais aumentando o tempo de interação na sua frequência e/ou duração, mas sem nunca colocares em causa a qualidade desses momentos.

Quando terminar a pausa, propomos que não digas à pessoa com autismo algo como “Agora já podes ir para o tablet novamente” ou “já podes ir fazer as atividades que gostas”. Ao fazer dessa forma, estamos a mostrar que essa é a única alternativa, sem lhe dar espaço para, eventualmente, pensar noutra opção. Podes simplesmente dizer “Isto foi mesmo divertido, depois de almoço vou querer brincar contigo novamente. Agora vou ter de ir tratar do almoço, queres ajudar-me ou apetece-te fazer outra coisa?”. Desta forma estás a celebrar, a indicar que vai acontecer outro momento semelhante em breve, a convidá-la para continuar contigo na tua atividade, se ela assim quiser. Mas também estás a dar-lhe espaço para fazer o que ela quiser.

Podes aprender mais sobre este tema através das nossas Masterclasses:

Podes aprender mais sobre este tema através das nossas Masterclasses:

Artigos relacionados

Como apresentar brincadeiras simbólicas?

1 de Novembro de 2013 – vencerautismo

Temas e atividades

1 de Novembro de 2013 – vencerautismo

10 jogos divertidos para fazer com uma manta

23 de Março de 2015 – vencerautismo

Atividades de participação física

6 de Abril de 2015 – vencerautismo

Ideia de um jogo

6 de Abril de 2015 – vencerautismo

Como construir interação?

24 de Abril de 2015 – vencerautismo
Anterior
Seguinte

Eventos relacionados