Para este tema, caímos muitas vezes no erro de ensinar às pessoas com autismo a noção de causa e consequência a partir da noção de reforço e punição. Mas como provavelmente já deu para perceber, isso muitas vezes não resulta. Até porque as pessoas com autismo, vêem essas situações como algo pessoal, algo que referente ao seu valor e aos seus comportamentos… Muitas vezes, tendo até impacto na sua autoestima. Mas não é esse o objetivo aqui de trabalharmos a causa e consequência. O que queremos mostrar à pessoa com autismo é que as coisas não se resolvem do nada. Não basta estalar os dedos e que há muito mais passos do que por exemplo “estraguei, agora compro um novo”. Então devemos trabalhar esta questão com situações práticas que envolvam resolução de problemas, como por exemplo:
Algo que se estraga:
Ver se é possível arranjar ou comprar novo? Quanto custa? Quanto tempo (e trabalho) é preciso até ter dinheiro para isso? Posso ir à loja presencialmente ou tenho de encomendar? O que vou dizer aos funcionários? O que vou fazer com o objeto que se estragou? E depois, seguir efetivamente todos os passos, até ter o objeto novo e ter encontrado uma solução para o que se estragou e celebrar esse momento.
Seguir uma receita:
A comida vem assim pronta do supermercado, é necessário prepará-la e seguir uma quantidade de passos até ter o resultado final. As receitas ajudam neste sentido. Podes dar a oportunidade à pessoa com autismo de escolher uma receita a cada semana e depois ajudar a concretizá-la e focar em diferentes pontos da receita.
Por exemplo: ver como as claras ficaram em castelo, e porque é que isso aconteceu? Porque as estiveram a bater durante muito tempo. E o facto de as claras estarem em castelo é que vai fazer com que o bolo depois fique tão fofinho.
Falamos muito das histórias sociais:
E de facto, pensamos que podem ser úteis também aqui, para além de utilizarem as situações do dia-a-dia para trabalhar o conceito, podermos utilizar também as histórias com diferentes situações.
Por exemplo: uma noite mal dormida pode trazer um dia seguinte com menos paciência, mais irritabilidade, etc; comer algo que nos faz mal, pode trazer dores de barriga, idas constantes à casa de banho; fazer um elogio a alguém, pode fazer com que a pessoa se sinta um bocadinho mais contente; ajudar em algumas tarefas em casa, faz com que o cuidador possa descansar um pouco mais. Damos exemplos muito simples que podem ser complexificados gradualmente e a causa e a consequência não têm de estar explicadas tão claramente; e podes até refletir e explorar as diferentes temáticas.